Acordamos com mais um lindo dia e depois do café da manhã e de tomarmos muita água iniciamos a caminhada do terceiro dia as 7hs. Começamos com uma subida bem íngreme comparada com as anteriores e para piorar o vento desta manhã soprava com uma força incrível fazendo com que durante a subida por várias vezes tivéssemos que agachar nos protegendo das fortes rajadas que quase nos derrubavam. Apesar de todo esforço na subida a paisagem é incrível, e depois de aproximadamente 40 minutos chegamos ao cume da quarta montanha mais alta do Brasil, o cume da Pedra da Mina que tem uma paisagem indescritível, linda mesmo, de tirar o fôlego, um dos lugares mais empolgantes desta travessia, pelo menos para mim. Neste cume de cara tromba-se com um totem enorme, e no seu ponto mais alto encontramos o livro de cume onde todos fizemos questão de deixar nossa emoção registrada. Aproveitamos ao máximo esse lugar mágico e ali ficamos por uns 30 minutos curtindo o visual, tirando fotos, observando o Itatiaia ao longe, o Pico dos Três estados, o Cupim de Boi e tudo mais que nossos olhos pudessem ver...e mais do que animados iniciamos a descida da Pedra da Mina, e que descida, cheia de pedras soltas e bem inclinada (pra mim que sempre me atrapalho nas descidas foi difícil). E depois que a descida termina é que a aventura começa, pois adentramos o tão temido vale do Ruah com toceras de capim elefante maiores que nós, o que dificulta a localização da trilha além de ser uma vegetação cortante (melhor proteger mãos e braços), seguimos por uns 30 minutos mergulhados no capim, demos um perdido, mais logo nos localizamos e chegamos em um riacho que é nossa última água do dia, fizemos uma parada para carregar os cantis e beber água fresca....seguimos caminhando ao lado do rio até que este vira um mini cânion e ali seguimos por trilha hora de floresta hora rochosa até o cume do Cupim de Boi, e neste ponto, enquanto descansávamos, decidimos não acampar no cume dos Três Estados, sendo assim seguimos mais uns 30 minutos e chegamos a área de acampamento do dia, um pequeno banbuzal bem organizado com lugar para umas 6 barracas, chegamos ali por volta das 15hs e ali descansamos, conversamos e comemos, e como comemos (tudo para aliviar o peso das mochilas para o último dia)....para mim foi um dia maravilhoso, posso dizer que o melhor. Alguns membros do grupo subiram o cume dos Três Estados para ver o pôr do sol, porém a maioria ficou descansando no acampamento, e como tivemos bastante tempo de folga optamos por acordar bem cedo no dia seguinte para vermos o sol nascer no cume.
E assim foi, por volta das 5hs da manhã estávamos saindo rumo ao cume dos Três Estados, subida tranquila e bonita, com 30 minutos estávamos no cume aguardando o sol nascer....e valeu a pena acordar cedo pois o visual do sol nascendo com o Itatiaia ao fundo é incrível, neste cume existe um marco de metal simbolizando os estados do Rio de Janeiro-São Paulo-Minas Gerais, pois como o nome desta montanha sugere dependendo de onde ficarmos estamos em um dos estados, ela marca o encontro das três fronteiras....depois de nos energizarmos com os primeiros raios do astro rei iniciamos a descida rumo ao fim da travessia, descida esta com início difícil rodeado de penhascos e com alguma dificuldade de localização, a trilha segue mista entre floresta, pedras e ainda toceiras de capim que dificultam ainda mais, além disto a "descida" segue um sobe e desce que nos deixa confusos (será que estamos descendo mesmo???), não parece mais sim...e assim seguimos inclusive passando por dois lances de escalaminhada. A paisagem vai ficando pra trás e saudade e vontade de começar de novo vai aparecendo....por volta das 11hs paramos em um morrote para um pequeno lanche, e olhando para trás uma tristeza cresce, pois está acabando, e como foi bom....mais ainda seguimos por 1 h em trilha de uma vegetação já diferente e mais 1h por estrada até chegarmos na rodovia onde a Van nos esperava....
A travessia terminou mais a sensação maravilhosa de contato com a natureza, com o inesperado, com as sensações permanecem por muito tempo. E só quem tem o privilégio de estar em lugares que aumentam nossas sensações e onde os sentimentos afloram sabe como é bom...e não é fácil explicar, só vivendo! Valeu Serra Fina, valeu galera!