Aug 30, 2011

Salinas, novas e/ou velhas descobertas!?!?


Antes de iniciar essa matéria para o blog sobre nossa viajem a Salinas resolvi reler o que escrevi no ano passado, pois a dificuldade em iniciar o texto e em escolher um título era grande, então descobri que muitas coisas mudaram mais que a principal sensação continua. Se você que está lendo esse texto já foi a Nova Friburgo-RJ no Parque estadual dos Três Picos sabe do que estou falando, mais se você leitor ainda não foi a Salinas não perca tempo, o lugar é mágico e merece atenção especial, e só uma palavra me ocorre neste momento para descrever o lugar e mesmo não querendo ser repetitiva não consigo descrever de outra forma, somente que é INDESCRITÍVEL!
Sinto-me ainda na obrigação em destacar algo que mencionei no final da matéria anterior sobre Salinas e que é de extrema importância quando nos aventuramos em montanhas, escalar num cenário como este requer humildade, respeito, conhecimento e preparo, e não é pra menos que durante aproximadamente 3 meses treinamos, ou melhor escalamos nos preparando para Salinas.
Vamos a nossa aventura, que foi incrível! Desde que voltamos da viajem do ano passado, que aconteceu na última semana de agosto de 2010, já planejávamos voltar, pois como já disse o lugar é incrível e apaixonante. Sendo assim nos preparamos ainda mais para viajem de 2011 e planejamos cada passo juntamente com nossos amigos Samuca e Renata. E assim no dia 14 de julho de 2011 por volta das 17 horas saímos de Quatro Barras rumo a Nova Friburgo, Rio de Janeiro, e depois de 12 horas aproximadamente de estrada chegamos ao nosso destino, fizemos as compras de comida em um mercadinho local, passamos pela entrada do Parque, fizemos nosso cadastro, subimos com o carro até onde foi possível (com um 4X4 sobe-se mais, e até que o "Uninho" da Rê foi longe), arrumamos as mochilas e iniciamos nosso primeiro porteio por volta das 11 horas. Desta vez ficaríamos no camping do Parque localizado no Vale dos Deuses, depois de 1 hora e meia de caminhada chegamos no camping e pra nossa surpresa encontramos uma galera do Sul, que nesta temporada literalmente invadiu Salinas. Resolvemos então descansar um pouco da subida que foi pesada, comer algo e só depois fazer o segundo porteio, então esta foi nossa primeira missão no primeiro dia. Depois de um amanhecer gelado, decidimos descansar no segundo dia, pois estrada e porteio não é fácil, neste dia conversando com o pessoal que já estava lá e avaliando as condições de clima favorável resolvemos ir direto ao nosso maior objetivo de cara, ou seja escalar a via "Face Leste do Pico Maior" de primeira e assim fizemos, no domingo por volta das 5 horas da madruga saímos, eu o Guga e o Samuca rumo ao Pico Maior. Iniciamos nossa escalada as 6 horas e como estávamos em 3 montamos a estratégia de guiar em blocos, sendo assim guiei as 4 primeiras cordadas, na sequência Guga e Samuca dividiram-se nas demais, sendo que as cordadas das chaminés ficaram para o Guga a pedido dele. A escalada foi tranquila, escalamos curtindo cada cordada, cada minuto na parede, recomendo a via, pois é linda e clássica para se chegar ao cume do Pico maior. Terminamos a escalada às 17 horas com um lindo pôr do sol dourado, iniciamos o rapel com luz pela via Sylvio Mendes e terminamos por volta das 20 horas, este rapel é um pouco demorado pois é feito dentro das chaminés da via. Por volta das 21 horas chegamos ao camping, cansados mais muito felizes pela grande missão cumprida, a Rê nos recepcionou com uma deliciosa sopa. Aproveitamos a segunda-feira para descansar e preparar o próximo desafio, programamos a escalada da via El Cabong juntamente com o Samuca, pois a Renata acordou indisposta, então fomos os 3 novamente para escalada. Esta fica situada no Capacete, linda via com lances de aderência inicial um pouco "cracolenta", mais depois da segunda cordada tudo melhora e a via nos surpreende com lances em cristais e formações rochosas incríveis nos presenteando com uma linda fenda em móvel na penúltima cordada, outra via que vale a pena escalar. No dia seguinte eu e o Guga resolvemos juntamente com o novo amigo Edu, em um dia de descanso, escalar a via Rodolfo Chermont, que mesmo não sendo uma via clássica do local nos proporcionou momentos de pura curtição sendo a maneira mais fácil de chegar ao cume do Capacete. Esta via começa com uma transversal incrível seguida de um A0 que termina em um 5° de aderência delicado que o Guga guiou muito bem, na sequência o Edu guiou o 6° que pode ser feito em A0 e eu terminei a via guiando em cristais lindos...chegamos ao cume às 13 horas e logo as meninas (Dani e Lu) chegaram depois de escalarem a CERJ, muita alegria em um dia claro e lindo, recomendo a via Rodolfo Chermont como primeira a ser escalada em Salinas para aclimatar, ou ainda para um dia de descanso, como fizemos. E a escalada deste dia rendeu um novo trio, e assim o Guga o Samuca e o Edu foram escalar a via Fata Morgana, enquanto eu e a Rê (que ainda estava um pouco indisposta) ficamos observando a escalada do camping, o que não é nada mal. Pelo que vimos e pelo que contaram ao chegar da escalada, a via é linda tendo cordadas inteiras em móvel o que a deixa mais especial ainda. No sábado choveu, logo aproveitamos para descansar e curtir o camping (apesar deste estar lotado de cariocas um pouco, como poderia dizer, espaçosos talvez), mais nada que um bom vinho e risadas para melhorar qualquer ambiente...neste dia, infelizmente, a Rê e o Samuca resolveram antecipar seu retorno a Curitiba, pois a Renata não estava se sentindo muito bem, sendo assim eu e o Guga resolvemos ficar e nos aventurar em um retorno de ônibus. Saímos para escalar novamente na segunda-feira, com sol mais com um vento e um frio absurdos, assim eu a Dani e a Lu fizemos somente uma cordada da Roberta Groba e descemos, enquanto os meninos (Guga, Edu e Renan) escalaram 7 cordadas da Sylvio Mendes e abortaram a missão também...saber observar os sinais e limitações e não ter vergonha de desistir faz parte do amadurecimento, tanto na vida quanto na montanha! Depois deste dia em que os ventos gritavam, eu e as meninas descemos com a missão de reforçar nosso estoque de comida e claro comprar coisas para um churrasco básico, sendo assim nossa terça-feira foi de cidade com direito a cerveja gelada e banho de rio...OBA! Eu e o Guga decidimos então que nossa última escalada em Salinas seria na quarta-feira, e optamos por refazer a via que havíamos escalado no ano anterior, escalaríamos a CERJ, e assim fizemos. As 8 horas iniciamos nossa escalada e depois de 5 horas chegamos ao cume, foi muito bom ter refeito a via, pois assim percebemos nossa evolução após um ano, e a felicidade depois de 400 metros de escalada curtindo o visual e cada lance relembrado valeu muito a pena...chegamos no cume e na sequência o Edu e o Rênan (que escalaram a mesma via que nós neste dia) chegaram, e fizemos a festa novamente no cume do Capacete. Ainda fizemos uma visita na quinta-feira na Caixa de Fósforo com um carioca que nos apresentou o paraíso das fendas, o lugar vale a pena, pois tem um visual único da outra face do Capacete com o Pico maior imponente ao fundo. No último dia eu e o Guga resolvemos acordar cedo e ver o nascer do sol do cume do Cabeça de Dragão, outro programa que vale muito, pois a energia contagia e assim aproveitamos para agradecer cada minuto vivido ali, cada nova amizade feita, cada riso dado, todo aprendizado e lições vividas. Mais tínhamos a missão da volta para casa, então aproveitamos nosso novo amigo carioca que nos deu uma carona até Teresópolis onde pegaríamos um ônibus até o Rio de Janeiro e só então o para Curitiba....aproveitamos para conhecer Terê, ficamos um dia em um hotel por indicação do Edu, chamado Várzea Hotel, e assim curtimos a cidade e a volta pra casa acabou sendo tranquila. Chegamos em Curitiba domingo pela manhã com chuva, e graças aos amigos Rafa e Manú que nos deram uma carona até em casa, chegamos secos, valeu amigos!
E assim termina Salinas 2011...com muitos encontros e muito aprendizado. As montanhas continuam no mesmo lugar ano após ano e são sempre iguais, porém cada vez que retornamos ao lugar nós já não somos os mesmos e a nosso olhar já não vê a paisagem da mesma forma, já não sente a energia igual, já não vive o momento com a mesma intensidade, tudo fica maior e cada vez melhor!!!!
Mais uma vez Obrigado Salinas!!!